miércoles, 30 de abril de 2014

Antar Mouna (silencio interior)

        

      Se o sucesso na meditação dependesse do silêncio exterior, seria uma tarefa impossível. Se o silêncio exterior fosse uma condição indispensável para praticar, teríamos que criar câmaras especiais a prova de som, que pudessem ainda ser transportadas quando fossemos viajar. Se não tivéssemos esse recurso para nos isolar do mundo, estaríamos travando mais uma batalha perdida, nos debatendo e tentando lutar contra o barulho do trânsito na rua ou o som daquele telefone que esquecemos de desligar antes de sentar para meditar. 

Entretanto, já que não podemos conseguir um ambiente com silêncio absoluto, usamos uma técnica para criar silêncio interior. Esse silêncio interior nos ajuda a eliminar os obstáculos dos ruídos exteriores. Assim, podemos praticar sem precisar nos mudar para o gelo eterno dos Himalaias. Onde, por sinal, o vento e a água que descem dos glaciares fazem um barulho ensurdecedor. Antar mouna significa silêncio interior. É uma das práticas mais importantes do Yoga, pois trabalha diretamente com o diálogo mental. É uma ótima maneira de começar a meditar, pois, ao invés de ficar lutando com a mente, você apenas a observa. É uma técnica excelente para quem não consegue ainda concentrar-se nos objetos de meditação, como símbolos psíquicos ou visualizações, por simples que sejam. 

Porém, o Antar Mouna é muito mais do que isso. Pode ser o atalho mais curto (e às vezes violento) para abrir as portas do subconsciente. Ao longo das diversas fases do Antar Mouna, começam a surgir lembranças, experiências, sentimentos ou pensamentos reprimidos e esquecidos, mas nem sempre resolvidos. Essas latências subconscientes, chamadas samskáras, determinam as nossas atitudes, formas de pensar e agir. São obstáculos poderosos que barram a evolução e a felicidade: tentar controlá-las eqüivaleria a tentar controlar uma intoxicação alimentar. 

Da mesma forma que um alimento inadequado envenena o organismo, os samskáras poluem a psique. Toda lembrança, pensamento ou sentimento pode servir para o conhecimento ou para a ignorância. 

O Antar Mouna nos ensina a eliminar o conflito interior causado pelos samskáras e o diálogo infernal da mente. Nos ensina a respeitar a mente e aceitar os seus conteúdos. Nos ensina a ver-nos como testemunha imparcial, aceitando as experiências e reações da mente e, posteriormente, aprendendo a controlá-la. Isso irá desenvolver a autoconsciência e a capacidade de se conhecer. 

                                                 "Aquele que olha para fora,sonha;
                                               aquele que olha para dentro,desperta."
                                                                    C.G-Jung